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30 de dezembro de 2015

A religião e a espiritualidade!

Texto muito bonito de Pierre Teilhard de Chardin (Nascido em Orcines, 1 de maio de 1881 — Falecido em Nova Iorque, 10 de abril de 1955), que foi um padre jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês que tentou construir uma visão integradora entre ciência e teologia:

A religião não é apenas uma, são centenas.
A espiritualidade é apenas uma. 
A religião é para os que dormem. 
A espiritualidade é para os que estão despertos.
A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer e querem ser guiados. 
A espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz Interior. 
A religião tem um conjunto de regras dogmáticas. 
A espiritualidade te convida a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo. 
A religião ameaça e amedronta. 
A espiritualidade lhe dá Paz Interior. 
A religião fala de pecado e de culpa. 
A espiritualidade lhe diz: "aprenda com o erro" 
A religião reprime tudo, te faz falso.
A espiritualidade transcende tudo, te faz verdadeiro! 
A religião não é Deus. 
A espiritualidade é Tudo e, portanto é Deus. 
A religião inventa. 
A espiritualidade descobre. 
A religião não indaga nem questiona. 
A espiritualidade questiona tudo. 
A religião é humana, é uma organização com regras. 
A espiritualidade é Divina, sem regras. 
A religião é causa de divisões. 
A espiritualidade é causa de União. 
A religião lhe busca para que acredite. 
A espiritualidade você tem que buscá-la. 
A religião segue os preceitos de um livro sagrado. 
A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros. 
A religião se alimenta do medo. 
A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé. 
A religião faz viver no pensamento. 
A espiritualidade faz Viver na Consciência. 
A religião se ocupa com fazer. 
A espiritualidade se ocupa com Ser. 
A religião alimenta o ego. 
A espiritualidade nos faz Transcender. 
A religião nos faz renunciar ao mundo. 
A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele. 
A religião é adoração. 
A espiritualidade é Meditação. 
A religião sonha com a glória e com o paraíso. 
A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora. 
A religião vive no passado e no futuro. 
A espiritualidade vive no presente. 
A religião enclausura nossa memória. 
A espiritualidade liberta nossa Consciência. 
A religião crê na vida eterna. 
A espiritualidade nos faz consciente da vida eterna. 
A religião promete para depois da morte. 
A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a vida.

*"Não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual... 
*Somos seres espirituais passando por uma experiência humana..."

26 de dezembro de 2015

O Papa Francisco e o Falso Natal!

Imagino quanto os políticos brasileiros teriam
a aprender com o papa em humildade e dignidade
Ruth de Aquino

Num ano em que o Brasil fez mal ao fígado e o mundo foi atacado com crueldade pelo terror islâmico, um hermano argentino de quase 80 anos nos encheu de esperança na humanidade. O papa Francisco pode até dizer, a cardeais e bispos, que continuará a “reforma da Igreja”. Modéstia. Francisco é um revolucionário. E por isso elegeu a corrupção como um dos maiores males a combater. Não só a corrupção alheia. Ele substituiu o conselho do Banco do Vaticano. Enquanto viver, não quer mais testemunhar desvios do dinheiro destinado à caridade.
Francisco sabe o que diz. Sabe como dizer. Sem papas na língua, amedronta os “duros” no Vaticano. Aqueles que se agarram a uma “autoridade divina” para manter regalias e continuar acima do bem e do mal. Nosso papa sabe como conquistar católicos e não católicos para sua cruzada utópica. Porque sua palavra é a palavra da paz, da tolerância, do diálogo entre opostos, mas também do combate às guerras. E, por tudo isso, é reeleito Personagem Mundial e Líder do Mundo por diferentes organizações em diversos países.
O papa Francisco jogou por terra a imagem dúbia e conservadora que o Vaticano muitas vezes projetou sobre o mundo, ao cobrar a punição de todos os religiosos que cometeram pedofilia. O papa é pop e tem um sorriso contagiante. Sua falta de medo deriva de sua bondade e de sua confiança no outro. E também de uma profunda perspicácia da diplomacia internacional e dos grandes temas que nos afligem, dentro e fora de nossas casas.
Escreveu uma encíclica sobre o meio ambiente, algo que jamais moveu os sumos pontífices anteriores a um mero pronunciamento. Sua palavra de amor e compreensão a todos que não se encaixam nas regras, sejam homossexuais, transexuais ou mulheres que se submeteram a um aborto, causou ondas de espanto no Vaticano e no mundo. Aí está, pensamos nós, um ser extraordinário.
“Temos de derrubar muros e construir pontes.” Essa é uma frase favorita do papa Francisco – o primeiro na História a convidar um imã (líder religioso muçulmano) a subir com ele em seu papamóvel.
Seu nome de batismo é Jorge Bergoglio. Imagino quanto os políticos brasileiros, que gostam de ser fotografados nas missas e nos cultos, teriam a aprender com este papa! Em humildade e em dignidade. Ele rezou uma missa nas Filipinas no meio de um tufão – protegia-se com uma capa amarela, como se fosse mais um na multidão de fiéis. Quando foi aos Estados Unidos, andou num carro Fiat 500. Sempre, nos lugares mais perigosos ou em momentos conturbados, aproveitou para se misturar aos pobres, carentes e desassistidos. Aos deficientes físicos, às crianças, aos velhos.
O papa não para. Suas viagens em 2015 o levaram a 11 países de quatro continentes. Países em conflito ou simplesmente países esquecidos. “Por favor, não temos direito a permitir mais outro fracasso neste caminho de paz e reconciliação”, disse ele, sobre as negociações para um acordo de paz na Colômbia, entre as Farc (Forças Armadas Revolucionárias) e o governo. Seu voo histórico entre Santiago de Cuba e Washington mostrou sua fibra, a fibra de um homem comum – em toda a santidade embutida nesta expressão: “Um homem comum”.
No dia de seu aniversário de 79 anos, 17 de dezembro, o papa decidiu canonizar madre Teresa de Calcutá, a quem se atribui a cura milagrosa de um engenheiro brasileiro que sofria de um câncer terminal no cérebro e hoje vive com saúde, aos 42 anos. Madre Teresa é um símbolo da Igreja que o papa Francisco defende, mais comprometida com os pobres e com os que sofrem.
Madre Teresa foi até as “periferias da existência”, uma expressão usada por Francisco para se referir a todos os abandonados, que sobrevivem à margem das sociedades. Na periferia material, estão seres humanos sem casa, sem educação, sem saúde, sem dignidade. Na periferia afetiva, estão os drogados, os deprimidos, os sós. Quantas vezes passamos por doentes da alma sem um olhar de mero reconhecimento de sua existência. Sejam eles de nossa família ou estranhos.
Francisco foi o primeiro papa a ter a coragem, no mês passado, de denunciar o falso espírito do Natal num mundo em guerra. “Teremos luzes, festas, árvores luminosas e presépio. Tudo falso: o mundo continua fazendo guerras. O mundo não entendeu o caminho da paz. Em todo lugar existe guerra hoje, existe ódio. O que permanece de uma guerra? Ruínas, milhares de crianças sem educação, vários mortos inocentes e muito dinheiro no bolso dos traficantes de armas.”
Vida longa ao papa! Que o Brasil passe a honrar sua população e não deixe grávidas e doentes sem assistência, barrados nos hospitais, numa crueldade sem nome. Que sejamos todos melhores no próximo ano.

Ruth de Aquino é uma jornalista brasileira e escreve para a Revista Época

24 de dezembro de 2015

Mensagem de Boas Festas e Feliz 2016!


O ano de 2015 está chegando ao seu final, embora em muitos momentos tenha nos deixado a impressão de que nunca teria começado. Seu adeus, portanto, é mais de alegria do que tristeza, não pelo que ele nos deixou, mas sim, pela esperança sempre renovável de que o ano seguinte seja melhor.
Tarefa que será fácil para 2016, afinal de contas, seu antecessor foi tão inconstante, fraco e com tantas más noticias que ele com certeza vai superá-lo com enorme rapidez. Restam poucos dias para que um novo período de 365 dias se aproxime e a ele chamemos de 2016.
Para o Blog Falando Um Monte 2015 foi excelente, tendo ao final do ano conquistado o Prêmio Dardos, o que não é pouco, muito ao contrário, significa bastante para quem um dia começou a postar seus textos e achava que aquilo não iria a lugar algum.
Hoje, alguns anos depois de ter começado a postar textos e artigos no Blog, ele já teve mais de 145 mil acessos, com uma média aproximada de 5.500 visualizações por mês. O Blog tem uma enorme visualização no exterior, cerca de 66% dos acessos são no exterior e 34% no Brasil. Destes acessos fora do Brasil os EUA correspondem a 47% do total de visualizações realizadas.
A fé na humanidade nos leva a ter esperança que o ano novo seja um período que traga muitas alegrias e saúde para que possamos enfrentar as adversidades e superar os obstáculos que possam aparecem.
Que haja sempre mais compreensão e boa vontade, que as pessoas possam efetivamente ser mais gentis umas com as outras, praticando o que é justo, com sinceridade e educação. Se assim for, será um lindo ano para a grande maioria.
O Blog Falando um Monte agradece pelas inúmeras visitas, pela leitura e colaborações de outros autores, pelo respeito das pessoas que passam por aqui em busca de informação, conhecimento e prazer pela leitura de assuntos do nosso cotidiano.
No encerramento de mais um ano de existência do Blog e de vida do autor quero agradecer de coração a todos que acessaram o Falando um Monte e para aqueles amigos do Twitter e do Google+ que de forma generosa e despretensiosa sempre deram uma força enorme repassando os links dos textos aos seus amigos, formando uma corrente generosa e amiga do Blog.
Feliz Natal e um Feliz 2016 a todos vocês, amigos e seus familiares, que Deus seja generoso em sua infinita bondade para com todos, provendo-os de tudo que possam precisar, mas acima de tudo, de muita paz, saúde e felicidade.

16 de dezembro de 2015

Mais um problema causado pelo Aedes Aegypti?

Nada é permanente neste mundo cruel,
nem mesmo os nossos problemas.
Charles Chaplin

A quantidade de vírus carregada pelo mosquito Aedes Aegypti aumenta cada dia mais no Brasil. Ele começou cedo despejando a Dengue até que a sociedade acordasse e começasse a perceber que ele ao contrário das autoridades da Saúde Pública, trabalhava dia e noite.
Quando pensaram que era só a Dengue ele começou a espalhar a Chikungunya, uma versão 2.0 da Dengue, ainda mais dolorida e pior. A sociedade continuou espalhando e mantendo quintais sujos sem que houvesse reação das autoridades do Poder Executivo Municipal.
As duas versões ainda estavam assombrando e enchendo os Prontos Socorros quando apareceu a terceira carga de vírus do mosquito terrível – O Zika vírus.
Os sintomas incluem para estes vírus inoculados pelo Aedes Aegypti: Febre, dores nas articulações e músculos do corpo, manchas na pele, dor de cabeça, apatia e até conjuntivite. Tudo isso acompanhado por um mal estar geral que irrita e deixa as pessoas nervosas.
Depois de ver todo o estrago que esse pequeno mosquito consegue fazer e a dificuldade com que o poder público e as autoridades da saúde têm para combatê-lo aliado ao descaso da população para com a higiene e a limpeza de seus imóveis fico preocupado que ele possa trazer a explicação para um novo problema que afeta a nossa nação – A Corrupção dos Políticos.
Uma tese de epidemiologistas ganha força enquanto estudam o mosquito Aedes Aegypti. A de que ele possa transmitir o vírus da corrupção. Isso explicaria por que temos tantos políticos corruptos em nosso país. O mosquito como todos já sabem é democrático, ele pica ricos, pobres, classe média, independente de credo, raça, cor ou filiação partidária.
Sendo assim, de vereadores ao cargo máximo da nação todos podem ser picados pelo mosquito e ter o vírus da corrupção injetada em seu sangue. Transformando aquele candidato que tudo prometia (inclusive honestidade) em um verme corrupto e sem vergonha que infesta nosso país. Esse vírus é chamado nos laboratórios de Propinus Brasilienses.
Assim o Aedes Aegypti além de levar várias doenças e até poder levar à óbito aqueles que são picados por ele, ainda poderia ser o responsável pela disseminação de tanta corrupção, recebimento de propinas, aberturas de contas em paraísos fiscais, sonegação fiscal, formação de quadrilhas, pedaladas fiscais, desvio de erário, fraudes em órgãos públicos, nepotismo, etc.
Como a impunidade mantém a solta os corruptos temos que eliminar o mosquito, ou talvez, o contrário, isolar o mosquito ou até prendê-los e eliminar os políticos... A ciência nos dirá!

15 de dezembro de 2015

2016 - Deus nos ajude no Brasil!

De que adiantam leis quando há
miséria interior e esplendor externo?
Chuang Tzu

A economia estagnada embalada por uma inflação em alta já passando da casa dos dois dígitos e completamente descontrolada. O país vivendo uma recessão que começa a sair dos controles (Se é que eles existem) do governo e sua patética equipe econômica.
As perdas econômicas são inevitáveis e começam a acontecer de forma distribuída pelos vários setores da nossa economia. Os balanços no terceiro trimestre de 2015 foram desanimadores. A Petrobrás e a Eletrobrás tiveram perdas de R$ 4 bilhões cada uma.
A situação é tão complicada que a empresa de telefonia celular Oi ficou quase um R$ 1 bilhão no vermelho, isso porque se trata de um segmento de telefonia celular, em alta no país. A empresa aérea Gol perdeu oito vezes mais do que no período anterior, passando de R$ 2 bilhões seu prejuízo.
No decorrer de 2015, o governo federal ficou imobilizado, apagando pequenos e grandes incêndios, mas nunca governando de forma pró-ativa. A busca pelo sonhado ajuste fiscal (Aumento de Impostos) não surtiu efeito, acabou sendo aprovado parcialmente e sem o impacto que a equipe econômica gostaria. O governo envolto nas nuvens de corrupção e tendo de lidar com um pedido de impeachment que pode eclodir justamente em 2016 está vivendo dentro de um tsunami de lama e incertezas.
Para completar, o governo de Dilma Rousseff caso não caia antes, planeja ressuscitar a maldita CPMF, o que a tornaria duplamente impopular, primeiro por criar um novo imposto, segundo porque seu partido comandou a extinção deste mesmo imposto no passado recente.
O cenário na América do Sul não é dos melhores para o PT e sua frágil aliança governista no momento. A Argentina acaba de derrubar no voto um governo de oito anos da celerada Cristina Kirchner. Na Venezuela amada do PT, o ignóbil presidente Maduro tomou uma surra nas urnas e está perdido até agora, podendo ter ainda mais problemas para seguir a frente de seu país em convulsão, sem alimentos e sem perspectivas de crescimento.
No restante do mundo, os países ricos lidam com a guerra ao terrorismo, às dificuldades com o clima e não estão propensos a ajudar países de terceiro mundo que estão envoltos em lama até o pescoço, caso do Brasil e Venezuela, por exemplo.
É diante deste script de filme de terror que entraremos em 2016, apenas com a fé e a nossa persistente e tênue esperança de um ano melhor ou menos pior. Nem pulando dezessete ondinhas ou comendo sementes de romã, teremos um ano promissor para o Brasil.
A casta política que se apoderou da nossa democracia aprendeu que não é difícil se manter no poder, claro que, a convulsão atual dificultará alguns planos, mas eles se ajeitam como camaleões bandidos e se caírem será para cima obviamente.
A presença de Eduardo Cunha e Renan Calheiros comandando o Congresso Nacional com suas quadrilhas de seguidores fascistas, e, o governo petista em pleno declínio moral nos faz prever que o ano de 2016 será um dos mais temidos das últimas décadas. Passar por esse período incólume será o grande desafio da nossa gente, nada mais poderemos esperar ou pedir.

13 de dezembro de 2015

Numa escola ocupada!

Nós fomos falar de literatura, mas esperávamos que a discussão migrasse para a proposta de fechamento das 92 escolas estaduais em São Paulo, o impeachment, a crise hídrica e outros temas espinhosos do noticiário. No entanto, a conversa que eu e os amigos escritores Fabrício Corsaletti, João Paulo Cuenca, Chico Mattoso e Paulo Werneck tivemos com os alunos de uma das 196 escolas ocupadas, no último domingo, não poderia ter sido mais diferente do que imaginávamos.
"Alckmin" foi pronunciado uma vez só, e por mim. A política, nesse sentido menor, mesquinho, que vem sendo praticados pelo país nos últimos 515 anos, passou longe e a literatura foi apenas o veículo que nos levou ao que realmente interessava: a Política com P maiúsculo, no sentido que os atenienses deram ao termo 2.400 anos atrás e que estes alunos e alunas da rede pública vêm resgatando desde que entraram em suas escolas de manhã cedinho, há quatro semanas, e não saíram mais.
Dormem por lá, cozinham, tomam banho, fazem faxina, reparam infiltrações e recebem mais atividades extracurriculares, nestes 30 dias, do que em toda a vida escolar. "A gente nunca tinha tido um debate aqui", disse uma das alunas. "Esse ano, todo mês eu tentava trazer alguém, mas a diretora proibia." Desde a ocupação, com a ajuda de voluntários, organizaram shows, aulas de geografia, física, culinária, ioga, dança, teatro, improvisação, quadrinhos, música, debates sobre dívida pública, questões de gênero e a lista continua.
Em uma hora e meia, não ouvimos nenhum desses clichês de Facebook sobre a roubalheira petralha ou a privataria tucana. As questões saltavam o estéril Fla-Flu e aterrissavam no solo bem mais fértil da experiência cotidiana. "A gente só teve poesia no terceiro colegial, pro vestibular." "Os professores entram, botam tudo na lousa e acabou." "A diretora fica vários meses viajando e quando aparece não tá nem aí." "Encontramos três mesas de som, tela, tinta, um monte de papéis a que a gente não tinha acesso.”.
A ocupação começou contra a proposta de fechamento de 92 unidades de ensino (já adiada pelo governo), mas no processo os alunos descobriram questões mais importantes. Que as escolas não precisam ser ruins. Chatas.
Abandonadas. Que "público" não é do governo e tampouco de ninguém, mas deles. Aprenderam por si sós –"fazendo arroz pra cem negos" e decidindo, em assembleia, se o cigarro seria ou não liberado, lá dentro (não)–, talvez a lição mais importante que se pode levar da escola: que são donos dos próprios narizes e responsáveis pelo mundo em que vivem. Agora, se perguntam: se com pouca idade e experiência eles conseguem administrar aquele espaço tão bem, por que o Estado mais rico da oitava economia do mundo não consegue?
No fim do papo, uma garota do terceiro colegial nos falou: "O que eu mais queria era tá no primeiro, pra poder estudar três anos nessa escola do jeito que ela vai ser daqui pra frente, depois da ocupação". Me deu um baita nó na garganta: ainda não sei se foi pela esperança que essa experiência me traz num momento tão trevoso da história nacional ou se pela tristeza de ver que a única resposta que o país parece ter para os anseios destes meninos é soco, cassetete, bomba e gás lacrimogêneo.

Antonio Prata É escritor. Publicou livros de contos e crônicas, entre eles 'Meio Intelectual, Meio de Esquerda' (editora 34). Escreve aos domingos.

12 de dezembro de 2015

A vitória da participação política dos jovens em SP!

Antes de falar, escute. Antes de escrever, pense.
Antes de gastar, ganhe. Antes de julgar, espere. 
Antes de rezar, perdoe. Antes de desistir, tente. 
Autor desconhecido


Constantemente ouvimos criticas a omissão e quase alienação da juventude em relação as coisas do nosso país. Não é difícil entender as razões deste distanciamento. O filósofo grego Aristóteles (384 a.C - 322 a.C) disse que o jovem em geral, não é bom ouvinte acerca dos assuntos relacionados à política, pois ela trata dos temas práticos da vida, acerca dos quais a juventude, em princípio, não tem muita experiência e nem conhecimento teórico, o que impede o surgimento espontâneo de interesse, já que ninguém tem apreço por assuntos que lhe são distantes e obscuros.
A ausência sistemática de um tema ao longo da juventude, quando está em formação a personalidade, os hábitos e interesses que moldam o indivíduo tende a perpetuar-se pela vida, transmutando-se em um traço cultural enraizado no caráter da pessoa e de difícil modificação.
O próprio Aristóteles arremata dizendo que “não faz diferença que se seja jovem em anos ou no caráter; o defeito não depende da idade, mas do modo de viver (...)”. Quem vive totalmente apartado de um tema ao longo da juventude, tem grande dificuldade para romper o distanciamento ao longo da maturidade.
Pois, em pleno século XXI em São Paulo alguns jovens estudantes do ensino público estadual contrariaram a tese de Aristóteles. Descontentes com a imposição autoritária do governador do Estado acerca de uma chamada “Reorganização da Educação”, que na verdade tinha a intenção de fechar algumas unidades e separar alunos por ciclos, trazendo aos alunos, pais e professores enormes prejuízos. Eles reagiram a altura contra à medida que já estava em andamento pela Secretaria da Educação.
O experimentado Geraldo Alckmin (PSDB), em seu quarto mandato à frente do Estado de São Paulo, parece ter aprendido só nesta sexta-feira (4) algo básico a respeito de governos democráticos: nem sempre a população aceitará políticas públicas impostas de cima para baixo, sem o devido debate e um mínimo de transparência.
Os alunos tomaram posse daquilo que na verdade pertence a eles – As Escolas. Fizeram uma pauta mínima de exigências para que se atendidas pudessem colocar fim as ocupações em quase 150 escolas paulistas.
Os próprios alunos rechaçaram a presença de partidos políticos, sindicatos e demais organismos ligados a política rasteira e corrupta do país. Assim, com o apoio de seus pais, dos professores e de uma boa parcela da sociedade exerceram o sagrado direito da participação política.
Lograram uma significativa vitória quando conseguiram que mais de dois meses após anunciar sua intenção de reorganizar a rede de ensino paulista, Alckmin via-se obrigado a suspender o plano. Tomou a decisão pressionado pelo desmoronamento de seus índices de popularidade e pelos rumorosos protestos estudantis.
Às vésperas de se reeleger, no ano passado, o governador ostentava aprovação de 48%, segundo o Datafolha; na pesquisa ora divulgada, a taxa caiu para 28%. Além disso, as manifestações contra a proposta do governo vinham se espraiando, com bloqueios de vias e, sobretudo invasão de escolas.
A iniciativa dos jovens paulistas deve ser estendida a todos em nosso país, a constituição federal nos garante direitos que muitas vezes são esquecidos. É preciso tomar dos políticos as rédeas deste jogo perverso em que somente eles ganham, lucram e levam a sociedade ao prejuízo constante. Parabéns Alunos do Ensino Fundamental e Médio de São Paulo.

No dia da Justiça nada a comemorar!

"Deve o juiz, acima de tudo, desconfiar de si, pesar bem as razões pró e contra, e verificar, esmeradamente, se é a verdadeira justiça, ou são ideias preconcebidas que o inclinam neste ou naquele sentido. "Conhece-te a ti mesmo" - preceituava o filósofo ateniense. Pode-se repetir o conselho, porém complementado assim: - 'e desconfia de ti, quando for mister compreender e aplicar o Direito.”.
MINISTRO DO STF (1937/1941) CARLOS MAXIMILIANO

No Brasil, muitos feriados acontecem sem que a maioria das pessoas saiba o que a aquelas datas significam. Dia da Proclamação da República e Tiradentes são algumas das datas que boa parte dos brasileiros desconhecem a razão.
O que diremos de algumas das muitas datas comemorativas lançadas pelos políticos ou pelas redes sociais baseadas em fatos muitas vezes desconhecidos da sociedade.
Sendo assim, sabemos nas redes sociais do Dia do Abraço, Dia da Sogra, Dia do Amigo (Esse parece que tem quinze datas por ano, tal a repetição do mesmo), Dia do Falsário, Dia do Vizinho, Dia do Impostor, enfim, tem data para tudo e para todos os gostos.
No último dia 08 de dezembro “comemorou-se” o Dia da Justiça no Brasil. Criado pela Lei 1408/1951 a data é comemorada desde 1940. Sendo inclusive, feriado em todas as instâncias jurídicas do país.
Mas se perguntarmos ao povo brasileiro se existe motivos para alguma comemoração mais efusiva em relação à Justiça no Brasil, com certeza, apenas aqueles que trabalham no judiciário, possam aprovar a data, de resto, nada temos a comemorar.
A Justiça brasileira com o passar dos anos se acovardou, enveredou por um caminho estranho de beneficiar criminosos, desde os assassinos nas ruas até os criminosos do colarinho branco.
Os marginais de rua têm benesses inacreditáveis em suas penas com possibilidades de reduções e regressões penais, além de auxilio reclusão, visitas intimas, penas nunca superiores há 30 anos, reduções por “bom comportamento” e dezenas de indultos por ano para poder sair às ruas e cometer os mesmos crimes.
Já os criminosos do colarinho branco (Políticos, Empresários, etc.) têm a seu dispor um arsenal de recursos, que fazem ou adiam julgamentos por mais de vinte anos. Quando chegam a setenta anos de idade não podem mais serem condenados. São Habeas Corpus, Embargos Infringentes e outras iniquidades que foram criadas para favorecer exclusivamente os mais abastados, os políticos e os corruptores.
Nossa Justiça é lenta, omissa muitas vezes, tem penas brandas até para quem rouba e transporta explosivos que explodem bancos, tal quais os terroristas do Estado Islâmico na Europa. No primeiro mundo estes mesmos crimes são apenados com penas de morte, prisão perpétua, enquanto aqui, no máximo seis anos de prisão.
Não temos Justiça na prática, nem a do Trabalho executa suas premissas como deveria, basta o cidadão entrar com ação contra o Estado e verá que a parcialidade e a morosidade são obscenas.
Não existe no Brasil jurisprudência, ficando a cargo de cada cabeça uma sentença, o que num país tão grande e desigual como o Brasil, com disparidades na Educação, na qualidade de vida e na renda per capita, é extremamente injusto e perigoso.
Não posso comemorar o dia da Justiça enquanto desembargadores, ministros e altas patentes recebem salários,  benefícios nababescos e milhares de servidores do judiciário não tem sequer papel higiênico nos banheiros dos fóruns e cartórios espalhados pelo país.

10 de dezembro de 2015

O insignificante e mesquinho político brasileiro!

Tem políticos que aspiram tornar-se Mickey Mouse...
Ser tão encantador que as pessoas
esqueçam que eles são ratos.
Autor desconhecido
        Outros povos espalhados pelos quatro cantos do planeta convivem com as mais variadas situações de dificuldades com relação ao clima, geografia, guerras religiosas, intempéries de todas as espécies. Mas apenas o povo brasileiro tem algo muito pior – O político brasileiro.
Um ser mesquinho, insignificante, muitas vezes desprezível que habita o cenário da nossa frágil democracia desde sua mais remota lembrança. Antes da instauração da República já temos noticias das tramoias, das fraudes e da imensa vontade dos políticos em levar vantagem acima de tudo e de todos.
Todos os movimentos desde a Independência do Brasil, Proclamação da República, Revolução de 32, Ditadura de Getúlio Vargas e seu posterior suicídio, renúncia jamais explicada de Janio Quadros, Golpe Militar de 1964, tiveram como pano de fundo as agendas ocultas que jamais visavam o bem comum, o bem da pátria, mas sim interesses políticos escusos.
E, sempre em todos estes episódios históricos da incipiente democracia brasileira, os personagens principais são os políticos e não o povo brasileiro, que ao contrário, é sempre ator coadjuvante.
O povo participa quando muito das eleições, vota mal, vota errado, brinca com seu voto, elege palhaços puxadores de voto sem saber o porquê. Não cobram nem fiscalizam seus candidatos sejam eles eleitos ou não, na maioria das vezes se omite, vota em branco, anula ou simplesmente vai à praia no dia das eleições. A isso chamamos de democracia dos ausentes.
Enquanto isso os políticos em época de eleições mais parecem o mosquito da Dengue (Aedes Aegypti), não param e se procriam normalmente no esgoto da vida pública nacional, buscando recursos de empresários do mesmo nível deles, acertando futuras contribuições em forma de novas leis, projetos e adendos em peças orçamentárias (Medidas Provisórias) para os favorecerem e “pagar” o que eles investiram nas suas campanhas.
No Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas Estaduais e nas Câmaras Municipais, o expediente é praticamente o mesmo, onde o estrume pode ser diferente, mas as moscas são sempre  as mesmas. Eles representam banqueiros, empreiteiros, segmentos diversos da sociedade, exceto o povo brasileiro.
Não fazem nada pelo país, apenas sugam todos os recursos que estão a sua disposição e ainda por cima, muitos se corrompem, aceitam propinas, votam em troca de cargos e benesses para seus familiares, amigos e correligionários.
Não assistimos em nenhum município do Brasil, vereadores trabalhando pelo “Bem Comum”, lutando e ajudando o cidadão comum a fiscalizar os atos do Prefeito e legislando pela melhoria da vida do munícipe. Ao contrário, eles formam dois grupos – Base Governistas e Oposição. A primeira nunca se volta contra o partido no poder. A segunda nada faz por que é minoria.
O país vive um caos sem precedentes, uma crise financeira que avança e mancha a economia do país no exterior. Com o desemprego crescente a inflação em alta combinada com uma recessão enfurecida,  a indústria demite, o comércio fica estagnado e o povo retira seus parcos recursos da poupança para saldar dividas.
Neste cenário, a presidente da República perdida na sua incompetência assiste a sua derrocada junto com seu partido levando junto à esperança do povo.
Os presidentes do Senado e da Câmara resistem nos seus cargos graças ao casuísmo das leis brasileiras que foram feitas para beneficiar e ajudar os políticos. Ambos possuem vários processos por recebimento de propinas, formação de quadrilha, sonegação fiscal, porém, continuam mandando no Congresso Nacional impunemente.
Nesta conjuntura desastrosa, é impossível acreditar neste país e nos seus homens públicos. A oposição prega o quanto pior melhor, usa de movimentos que elas taxariam de golpista, fossem impetradas contra gestões de seus partidos.
Mas, cinicamente e complacentemente apoiam o caos, esquecendo que um dia vão ser “Poder” novamente, e com certeza jogarão nas costas do povo as medidas para corrigir o que deveriam ter ajudado a evitar hoje.

  

5 de dezembro de 2015

Lições de Política!

O experimentado Geraldo Alckmin (PSDB), em seu quarto mandato à frente do Estado de São Paulo, parece ter aprendido só nesta sexta-feira (4) algo básico a respeito de governos democráticos: nem sempre a população aceitará políticas públicas impostas de cima para baixo, sem o devido debate e um mínimo de transparência.
Pouco mais de dois meses após anunciar sua intenção de reorganizar a rede de ensino paulista, Alckmin viu-se obrigado a suspender o plano. Tomou a decisão pressionado pelo desmoronamento de seus índices de popularidade e pelos rumorosos protestos estudantis.

Às vésperas de se reeleger, no ano passado, o governador ostentava aprovação de 48%, segundo o Datafolha; na pesquisa ora divulgada, a taxa caiu para 28%. Além disso, as manifestações contra a proposta do governo vinham se espraiando, com bloqueios de vias e sobretudo invasão de escolas.

Alckmin parecia apostar no desgaste do movimento. Errou. O número de colégios ocupados passou de poucas dezenas a quase duas centenas num intervalo de 15 dias, e 55% dos entrevistados pelo Datafolha apoiaram os alunos.

Sem saída, o tucano disse o óbvio: "Entendemos que devemos aprofundar o diálogo". É o que deveria ter dito há muito tempo.
O plano tem méritos, como vem afirmando esta Folha desde que foi delineado. Dado o evidente potencial de conflito implícito na medida, defendeu-se aqui implementá-la com vagar, em caráter experimental e área restrita.
Contudo, talvez imaginando que pudesse conter os críticos na base da truculência policial, o governo lançou a proposta sem nem indicar quais escolas seriam afetadas. Para os grupos que se opõem à gestão tucana, foi uma festa; dificilmente encontrariam pretexto melhor para mostrar aos alunos o reino das manifestações políticas.
Perderam espaço, nesse processo, os bons argumentos a favor da reorganização. Por força da queda nas taxas de natalidade, da municipalização de parte do ensino e da migração para o sistema particular, a rede estadual perdeu 2 milhões de alunos de 1998 a 2014 (são hoje 3,8 milhões). Muitas salas, portanto, estão ociosas.
Fechando 92 unidades (menos de 2% das mais de 5.000 existentes) e remanejando 311 mil estudantes (cerca de 8% do total), o governo espera ampliar em 30% as vagas de tempo integral e reabrir quase 3.000 classes desocupadas.
Pretende, ademais, aumentar de 1.443 para 2.197 as escolas em ciclo único, com estudantes de idade aproximada. É indiscutível que esse modelo facilita a gestão, permitindo equipamentos adaptados para determinada faixa etária.
Faz todo o sentido, como se vê, levar adiante a reorganização escolar. Os alunos mostraram-se intransigentes, mas ao final obtiveram sua vitória –e ensinaram a Geraldo Alckmin boas lições de política.

Editorial da Folha de SP - 05/12/2015.

2 de dezembro de 2015

Frutos estranhos na UNESP - Bauru!


A tinta fresca da caneta golpeou alunas e alunos da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, a FAAC, pela segunda vez em 2015. Após as ofensas ao professor Juarez Xavier, em julho deste ano, um segundo ato de covardia se descortinou no campus da universidade, na manhã da última segunda-feira (30/11): inscrições machistas, racistas, homofóbicas, sexistas. O ódio escorreu pelas paredes da FAAC.
Um mural de podridão e de segregação. Tentativa de apagar o outro em suas diferenças. Sobretudo, a vontade de silenciar quem resiste e de humilhar quem, um dia, silenciou (mas, já não cala).
Enquanto você, leitor, passa os olhos ávidos por esta tribuna, as estudantes e os estudantes, que tiveram os seus nomes escarnados no banheiro da universidade, e o diretor da FAAC, Nilson Ghirardelo, provavelmente, fazem boletins de ocorrência na Central de Polícia Judiciária da cidade.
Racismo. Machismo. Homofobia! Os crimes – sim, crimes! – precisam do nosso repúdio. A UNESP não pode aceitar novos atos de mau-caratismo. Fascismo. Estupidez! O diálogo deve reinar no ambiente universitário; bem como a consciência coletiva, os valores democráticos e a aceitação universal do outro em suas diferenças. Não podemos, como denunciava a pianista e ativista Nina Simone (1933-2003), na canção “Strange Fruit” (1965), tolerar que o ódio e o preconceito “escorram” pelas veias da sociedade – e, pasmem alguns, no ambiente universitário.
Os “frutos estranhos” não podem mais sofrer – como sofreram os negros no Sul dos Estados Unidos, enforcados e pendurados em árvores por suas diferenças, como acusava Simone (“Corpos negros/ balançando na brisa do sul/ como fruto estranho pendurado”). As estudantes e os estudantes, as professoras e os professores, gays, negros e mulheres da Universidade Estadual Paulista não serão os próximos “frutos estranhos”.
Os atos covardes servem para fortalecer quem já luta há séculos. Resiste há décadas. A comunidade “unespiana” não pode tolerar a segregação e a discriminação. Solidariedade às ofendidas e aos ofendidos [em especial, a uma amiga de longa data]. A força, está com elas/eles! O tempo de mudança chegou.

O autor Gabriel Cortez é jornalista e mestrando no Programa de Pós-graduação em Comunicação da FAAC - UNESP/Bauru.