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8 de janeiro de 2014

Jovem antenado, conectado e pichador inútil!

A vaidade é o caminho mais curto
para o paraíso da satisfação, porém
ela é, ao mesmo tempo, o solo onde
a burrice melhor se desenvolve.
Augusto Cury

Era madrugada de natal no calçadão de Copacabana, raras pessoas ainda circulavam depois do espocar de fogos, das comemorações pela chegada do aniversário de Jesus na cidade maravilhosa. A grande maioria dormia, descansava depois de um dia e uma noite de expectativas e festas.

Mas um casal estava acordado, sim, andava lentamente pelo calçadão quando parou em frente a um banco, que contém uma estátua em homenagem ao poeta maior do Brasil Carlos Drummond de Andrade.

O rapaz identificado como Pablo andava de mãos dadas com sua namorada, sem saber que em frente aquela estátua havia câmeras de segurança colocadas para tentar justamente identificar marginais que insistem em pichar aquele monumento.

A câmera flagra o exato momento em que Pablo larga das mãos da namorada e comete o crime de pichação, considerado como crime contra o meio ambiente pelas nossas leis. Não pensou que ali havia câmeras, não imaginou que seu ato isolado de imbecilidade fosse ser captado por uma câmera, que se posicionava quase que como uma pedra em seu caminho, tal qual o poema de Drummond “No Meio do Caminho.”

Pablo assim como o poeta é mineiro, porém reside em Jacarepaguá na zona oeste carioca. Ontem ele se apresentou a delegacia, prestou depoimento saiu em liberdade após assinar um termo circunstanciado. Ao delegado disse que pichou a estátua apenas porque queria impressionar a namorada. No tempo de Carlos Drummond de Andrade um jovem fazia outras coisas melhores no momento de impressionar uma namorada. Uma carta bem escrita, um poema enamorado, um bom emprego, ou até uma seresta foram usados nos bons tempos deste país que se dilacera gradualmente a cada dia que passa.

Em pleno Século XXI, auge da tecnologia das comunicações, onde celulares invadem a vida de todos com inovações seguidas, acopladas a redes sociais, tabletes, notebooks, numa parafernália de informações, fotos, musicas e jogos um astuto mineiro carioca descendente resolve pichar um patrimônio público e diz que era para impressionar a namorada?

Como nossas leis são brandas e não vão significar nem uma pedra no caminho do pichador inútil chamado Pablo, ele vai ficar livre, sequer terá de limpar a sujeira que fez. A namorada talvez se apaixone ainda mais pelo brutamontes descerebrado, pois na madrugada de Natal ela foi conivente com seus atos e em momento algum tentou impedir o namorado de cometer o crime em plena calçada da mais famosa praia do mundo.

Se um jovem de classe média que teve condições de estudo e boa alimentação com plena capacidade física e mental prefere pichar uma estátua ao invés de namorar, andar, passear, contemplar o mar, o que podemos esperar do futuro deste nosso país tão carente de jovens engajados em projetos de cidadania e ética?

Ser antenado, estar conectado é isso? Pichar um bem público é ser moderno? Impressionar uma mulher é fazer isso que Pablo fez em Copacabana? Precisamos começar a rever uma série de conceitos então, pois amanhã poderá ser tarde.



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